Home Melhore seu jogo Dicas Técnicas Backhand no tênis: uma ou duas mãos?

Backhand no tênis: uma ou duas mãos?

5
6265
Backhand uma ou duas mãos?

Fala Galera!! Hoje vamos falar sobre o grande vilão do tênis, o que faz a galera revirar na cama numa noite pré-jogo, o que já fez um cara deixar de ser o grande monstro do esporte e dividir um pouco desse reinado por conta de um golpe não tão bem encaixado, o famoso e temido golpe de esquerda, backhand ou revés.

Falaremos de tudo o que envolve o backhand, golpeado com uma das mãos ou duas mãos.

Play!!!!

Enquete

Entre os dois golpes de fundo de quadra, quem tem o forehand melhor que o backhand, levanta a mão!

Aposto que vamos ter algo em torno de 65 a 70% de votos a favor do forehand com certeza, só observar meu amigo!

São 20 anos observando, analisando e investindo, às vezes, até em mudanças para que os alunos conseguissem êxito em suas tentativas de fazer aquela paralela que só Gugão sabia fazer e conseguia com maestria, quando ele bem quisesse, vinha aquele canhão…

Backhand ou forehand?
 

Porque????

Um dos grandes motivos é o fato histórico e sociológico: existem poucos canhotos no mundo (500 milhões ao todo) e por isso o mundo é feito para destros!

Isso provoca o uso obrigatório da mão direita para se fazer quase tudo, daí o corpo não desenvolve seu lado esquerdo, tanto neurologicamente como fisicamente, o tornando inapto a movimentar a raquete com o braço esquerdo, algo imprescindível no backhand de duas mãos, por exemplo.

A questão espacial também muda. A visão é o centro do tenista, o foco na bola tem que ser intenso e apurado e a lateralidade é o que torna o backhand um segredo, pois ninguém foi estimulado a usar o lado esquerdo no corpo, na vida cotidiana e no esporte muito menos.

Ninguém destro arremessa bolas de basquete no cesto e nem chuta uma bola de futebol com a esquerda, ou seja, o foco da sua visão foi treinado apenas para um lado do corpo.

Eu por exemplo tenho o backhand de duas mãos como meu melhor golpe e foi assim desde sempre. Com o tempo fui vendo a necessidade de ter um forehand melhor e comecei a observar o que fazia na esquerda que não acontecia na direita e percebi que a lateralidade do lado direito do corpo não acompanhava o lado esquerdo. Fui laboratório para minhas aulas.

No meu backhand, observei aos comandos que minha mão esquerda fazia com mais desenvoltura e comecei a treinar a mão direita desta forma. Como o golpe de backhand é um forehand com a mão esquerda, fui analisando como minha mão e braço trabalhavam para fazer a raquete bater com tanta precisão de um lado que não conseguia do outro.

Aquilo me inquietava! Não posso dizer que meu golpe de direita seja melhor que a esquerda, mas já consegui bons resultados. Isso realmente me ajudou para que hoje eu consiga promover mudanças nos alunos e nos professores com os encontros técnicos que realizo pelas quadras.

A análise biomecânica do golpe e ele em si no tênis e nas aulas são o que me faz extremamente apaixonado. Concluir os objetivos traçados com os alunos na busca por um golpe mais plástico, fluido e biomecanicamente correto (ou seja, sem chance de lesões) é o que me estimula!

Qual a melhor escolha, backhand de uma ou duas mãos?

Essa pergunta é recorrentemente feita pelos alunos, mas não existe uma forma objetiva de responder.

Backhand é muito pessoal, escolha do próprio aluno, onde um bom profissional o ajudará independente da sua escolha para o desenvolvimento do seu golpe.

O olhar do professor poderá ajudar na escolha ou mudança estratégica, observando alguns pontos físicos e visuais no defeituoso backhand.

Se pegarmos o top 10 de hoje (3 de Junho de 2019), descobriremos que dos 10, apenas 3 golpeiam com uma mão (Federer, Thiem, Tsitsipas) e os outros 70% dos jogadores mais top do mundo golpeiam com as duas mãos (Djokovic, Nadal, Zverev, Nishikori, Anderson, Khachanov, Fognini).

Isso pode ser bem relevante, mas culturalmente esses jogadores começaram ainda muito crianças e para sustentar a raquete tinham que segurar com as 2 mãos, ficando difícil essa alteração no golpe depois de formados.

Fernando Meligeni, foi um caso clássico de mudança de backhand que deu certo. Aos 18 anos seu treinador, Ricardo Acioly “Pardal”, viu que era viável alterar o golpe sem sofrer uma perda muito brusca de rendimento e optou por realizar a mudança.

Fernando Meligeni fazendo mudança de backhand

Na foto observamos um ponto muito importante que é a empunhadura de Fernando: nela a mão não dominante (esquerda) está com a empunhadura semi western e a mão dominante (direita) está acima da mão dominante, ou seja, nem empunhadura tem. Kkkkkkkkkkk Como isso dava certo???

Backhand de uma mão de Fernando Meligeni

Este é um passo importante na observação, pois se ele retira essa mão não dominante e leva até o coração da raquete, automaticamente, já temos um backhand de uma mão, pois é o formato da preparação, e por conta da empunhadura o tenista é obrigado a buscar essa bola muito a frente do corpo, como um legítimo backhand de uma mão.

O processo foi simples de mudança já que Meligeni, utilizava a semi western de esquerda na mão esquerda e praticamente golpeava a bola com apenas uma mão onde dominava sua mão esquerda. Em um golpe de backhand de duas mãos a mão acima do cabo é quem domina o golpe, no caso dele a mão direita.

Caso você seja um jogador rápido e com boa flexibilidade o backhand de duas mãos é uma boa opção, porque essencialmente é um movimento angular, sendo necessária a utilização do giro do tronco.

Quadril e tronco trabalham para que a raquete termine encostando nas costas, acelerando a raquete para frente e para cima antes da terminação. Com a ajuda das pernas fica fácil transitar e golpear em movimento, atravessando a linha da bola, podendo ser agressivo até em bolas mais rápidas.

Já para um jogador mais lento o indicado é um backhand de uma mão, possibilitando maior alcance e chance de rebater bolas a frente da linha dos pés ou utilizar o slice em bolas mais rápidas e abertas.

Backhand: diferença entre uma e duas mãos

Procure um bom professor ou faça uma filmagem, observe alguns pontos que vamos explicitar aqui para perceber se sua esquerda está no caminho certo ou melhor realizar a mudança de grip.

Qual empunhadura usar?

O backhand tem algumas peculiaridades que normalmente não temos no forehand, como por exemplo, o uso da mão não dominante na raquete, backhand two hands. Desta forma, a percepção do contato da bola faz com que as empunhaduras se tornem a via mais importante para a melhora exponencial de seu backhand.

Possibilidade do backhand duas mãos

  1. Estern de direita – Mão Direita
    Continental – Mão Esquerda
  2. Continental – Mão Direita
    Continental ou Estern de Esquerda – Mão Esquerda
  3. Semi western de esquerda – Mão Direita
    Estern de Direta – Mão Esquerda.

Possibilidade do backhand uma mão

  1. Estern de Esquerda
  2. Semi Western Esquerda

Aspectos técnicos do backhand de duas mãos

Aspectos técnicos do backhand de duas mãos

Para se obter o MRQ, certificado de excelência Marcelo Rios de Qualidade
(para mim o melhor backhand two hands da história)
o tenista deve antes de tudo começar a perceber a existência de seu braço esquerdo, tanto quanto a lateralidade, desenvolver foco e equilíbrio físico de todo o lado esquerdo.

Backhand de duas mãos

Isso porque o braço esquerdo é quem comanda o golpe. Curioso né? Se você tirar a mão direita da raquete o braço esquerdo realizará um forehand, então se você treinar seu braço esquerdo com forehands é bem provável que seu backhand melhore exponencialmente.

Exemplo de movimento com a raquete.
Forehand com a mão esquerda pode aperfeiçoar seu backhand.

O trabalho do braço direito na raquete está em manter mais firmeza no golpe e movimentar a cabeça da raquete, o punho direito é acionado, apenas, para ativar a cabeça da raquete no movimento, como uma espécie de manche.

A flexibilidade é um fator importante para um bom resultado, ter tronco e quadris soltos ajudam a carregar a raquete e os braços, diferentemente do backhand de uma mão que apenas um braço é levado à frente.

O giro de tronco deve ser rápido e estável, as pernas devem estar com o centro de gravidade baixo a fim de valorizar a estabilidade do tronco e quem sabe saltar para buscar bolas mais altas.

Veja abaixo um vídeo do Canal (Online Tennis Instruction with Florian Meier) com detalhes em slow motion de um banckhand de duas mãos.

https://youtu.be/XYVMurYMHhw?t=41

O footwork é a peça chave para evoluir com o backhand. Por ter que colocar a perna a frente para realizar um golpe mais estável, o ajuste fino ao chegar na bola deve ser mais apurado e trabalhado com afinco.

Como você deve se lembrar, já escrevemos um post completo sobre footwork aqui para o blog. Se quiser revistar acesse: Footwork – A importância para a eficácia dos golpes.

O trabalho de pernas deve ser mais intenso, pois com o backhand de duas mãos se atravessa a linha da bola mais vezes pela falta de alcance.

O backhand de duas mãos hoje, no circuito profissional é o movimento mais usado pelos tenistas obrigando ter mais perna para rebater a bola, pois o alcance é menor forçando chegar mais próximo à bola.

Pontos Positivos:
Mais firmeza na raquete;
Mais fácil golpear bolas altas;
Mais tempo para as devoluções de saque.

Pontos Negativos:
Pouca amplitude;
Pouco alcance;
Necessário correr mais;
Menos recursos como curtas e slices.

Aspectos técnicos do Backhand de uma mão

Aspectos técnicos do backhand de uma mão

Para um bom backhand de uma mão o tenista deve trabalhar aspectos importantes: o foco na bola para aumentar a percepção do quique e velocidades bem apurados, pois o contato com a bola deve ser feita aproximadamente 40 a 50cm a frente da linha do corpo.

A lateralidade no tênis, está em conseguir visualizar a bola do lado esquerdo do corpo, entrar de lado e focar no movimento posterior da raquete, com os braços sendo levados para trás em um movimento circular. Esta disposição visual pode ser trabalhada com exercícios de agilidade e coordenação.

Outro ponto importante é treinar força, principalmente do ombro, para que este não sobrecarregue cotovelo e punho.

É muito comum vermos atletas lesionados no cotovelo com a velha e conhecida epicondilite lateral ou “Cotovelo de tenista” (assunto já tratado em um post meu e do Irineu aqui no blog), pois o ombro não encaixa na terminação, obrigando o tenista a flexionar o cotovelo e/ou corrigir o contato da bola com o punho.

Cotovelo de tenista ocasionado por backhand

O uso extenuado de apenas um braço pode acarretar lesões nos ombros, cotovelo e punho, é importante se cuidar praticando musculação fortalecendo a musculatura que envolve o movimento.

Repita bastante o movimento, mas cuidado com a mecânica, ela deve estar em perfeita harmonia para que não acarrete em vícios de movimento.

Backhand de uma mão do Guga

Nas bolas atrasadas procure movimentar as pernas para encaixar o corpo atrás da bola, possibilitando uma extensão completa do cotovelo.

Durante a corrida faça seu braço não dominante jogar a raquete para trás e acima do ombro esquerdo a ponto de chegar à bola empurrando a raquete para frente.

Na HC Tennis School,trabalhamos com afinco a esquerda, o tenista se sente mais confiante e pode usar todo o repertório de jogadas igualmente treinadas e observadas.

Pontos Positivos
Maior alcance;
Movimento mais fluido;
Mais recursos como curtas e slices.

Pontos Negativos
Menos firmeza na raquete;
Menor recurso defensivo;
Ruim para golpear na corrida.

Conclusão

Espero que depois de ler esse post, corra para o paredão mais próximo ou convide aquele seu parceiro para um treino. O grande segredo está nos treinos, um bom profissional e disposição.


“O backhand, só entrará em harmonia com seu jogo se você golpear as bolas, não fuja do golpe, encare de frente ou melhor, de lado. Mexa as pernas e fique de olho na bola.”

Gostaria de agradecer as mensagens nos últimos posts.

Continuem compartilhando esta informação e vamos jogar. Um grande abraço e até a próxima. Play!!!

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notificação de
guest

5 Comentários
mais antigo
mais novo mais votado
Inline Feedbacks
View all comments
Osvaldo Ribas das Neves
Osvaldo Ribas das Neves
5 anos atrás

TENHO MUITA DIFICULDADE EM MANTER O OLHO NA BOLA.QUANDO GOLPEIO, OLHO PARA ONDE QUERO COLOCAR A BOLA, DESVIANDO TOTALMENTE O OLHO DELA. TENTO ME CONCENTRAR O TEMPO TODO PARA EVITAR, MAS QUANDO ENTRO NO AUTOMÁTICO, TIRO O OLHO DA BOLA NOVAMENTE. ISSO VIROU HÁBITO. COMO RESOLVER ISSO?

carlos
carlos
5 anos atrás

parabens excelente raro

Renato Ferreira Auriemo
Renato Ferreira Auriemo
5 anos atrás

As explicações e pontos observados refletem minhas aulas para meus alunos. O maior problema nisso é que em grande parte trabalho com crianças e duas mãos no back é mais fácil, apesar que comecei a jogar em 1984 quando o back so se via com uma única mão…..kkkkk..Excelente matéria.

5
0
Would love your thoughts, please comment.x